quarta-feira, 9 de abril de 2008

Nova realidade...


Nunca vemos o amor chegar; só o vemos a ir-se embora.
Estou numa estação de comboios, sentada num banco de pau, completamente só.
Perdi o teu comboio e não quero apanhar nenhum outro.
Está frio.
Um vento seco e cortante faz com que me encolha como um bicho de conta.
Já não há sonho, já não há dádiva, os dias voltaram a ser cinzentos e tristes.
Agora são todos iguais, sempre iguais.
Trabalho, respiro, durmo e como o melhor que posso e sei, e tento esquecer-te.
Deixei de falar de ti e de dizer o teu nome, deixei de o desenhar no espelho da casa de banho, quando o vapor inunda todas as superfícies.
Em vez disso, tenho o coração embaciado de dúvidas e o olhar desfocado pelo absurdo do teu silêncio continuado, o olhar de quem aprende a adaptar-se a uma luz desconhecida, a uma nova realidade.

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